A primeira ponte ferroviária de Esgueira, com uma extensão de 480 metros, transpondo o vale da Ribeira de Esgueira (autor desconhecido, sem data)
A ponte ferroviária de Esgueira foi atravessada pela primeira vez, segundo se pode ler em Subsídios para a história de Aveiro, de Marques Gomes, a 18 de Julho de 1863.
O historiógrafo aveirense, na obra referida, coligiu alguma informação interessante sobre esta ponte (ou viaducto, como lhe chama de preferência). Começa por dar a conhecer, resumidamente, as indefinições que houve no traçado da via férrea (um dos estudos fazia-a passar por Aveiro, outro mais pelo interior, acabando por ser dada preferência ao primeiro traçado, graças ao empenho incansável de José Estêvão). Escreve, depois, Marques Gomes:
"Adoptado o traçado de Aveiro (...) foram encetados os trabalhos de construcção em agosto de 1861 sob a direcção do engenheiro francez Valentim de Mazade. (...)
A empresa constructora dividiu os trabalhos em cinco grandes secções; os que diziam respeito ao concelho de Aveiro ficaram compreendidos na Quarta que ia de Coimbra até à margem esquerda do Vouga, na extensão de sessenta e três kilometros.
O caminho de ferro atravessa no concelho de Aveiro uma parte das freguesias de Requeixo, Oliveirinha, Aradas, Gloria, Vera-Cruz, Esgueira e Cacia e isto n'uma extensão de 19m,580. [Trata-se, claro, de gralha tipográfica, devendo ler-se 19Km,580]
A sua construcção foi aqui bastante demorada e dispendiosíssima, em resultado do valor dos terrenos que foi mister expropriar e das duas grandes obras d'arte que se tiveram de fazer, o viaducto de Esgueira e o aterro das Agras. [Ou aterro do vale do Cojo, designação também usada por Marques Gomes noutro ponto da obra que estamos a citar. Trata-se do aterro por trás da antiga fábrica Jerónimo Pereira Campos, actual Centro Cultural e de Congressos]
O viaducto de Esgueira construído sobre a direccção do engenheiro inglez Wilson é formado por seis vigas metálicas de 30 metros cada uma assentes sobre duas ordens de pilares tubulares, que foi necessário cravar até à profundidade de 25 e mesmo 27 metros para chegar a terreno solido, e dois estribos de cantaria. (...) Os tubos foram depois reforçados com uma muralha de beton e pedra de 5 metros de altura.
A obra do viaducto de Esgueira foi durante a sua construção muito discutida, pondo-se em dúvida a sua segurança. Eram infundados, porém, estes receios. A experiencia oficial do viaducto fez-se nos dias 24 e 25 de janeiro de 1864 por uma comissão composta dos engenheiros Aguiar, Margiochi, Couceiro, Sousa Brandão e Peres. As experiencias fizeram-se com um comboyo composto de duas machinas, um fourgon, uma carruagem de primeira classe e de nove carros carregados de carvão de pedra. O viaducto resistiu a todas as experiencias que consistiram na prova estatística, ou no peso de 40 toneladas em cada tramo por espaço de 45 minutos; passou-se depois à segunda prova, de pequena velocidade, a que oppôz a mesma resistência; a terceira e ultima prova foi a dynamica, em que trabalharam as duas machinas reunidas, e com toda a força, calculando-se andar o comboyo 70 kilometros por hora, resistindo a tudo com o mesmo vigor.
Havia já muitos meses, porém, que pelo viaducto passavam comboyos. A primeira locomotiva que veio de Estarreja até á avenida norte do mesmo, sendo portanto a primeira que entrou no concelho de Aveiro, chegou alli ás 3 e meia horas da tarde de 23 de Março de 1863.
O viaducto esse foi atravessado pela primeira vez em 18 de julho desse anno. O Campeão das Provincias noticiou então assim o facto:
«No sabbado pelas 10 horas da manhã Aveiro estava quasi despovoado. Immensa concorrencia de pessoas de todas as classes sociaes estanciava nas eminencias adjacentes á ribeira d' Esgueira, aquem e alem da ponte do caminho de ferro, porque devia o comboio percorrel-a, desvanecendo assim os engenheiros da empresa as apreensões publicas com as provas exhibidas á face de todos.
Já tinham dado 11 horas quando se avistou a locomotiva que magestosamente caminhava do norte, parando na avenida da ponte. A ansiedade publica cresceu, com quanto se soubesse que a ponte havia sido experimentada, carregando-a na véspera com 235 toneladas, isto é 8 vezes mais que o pezo do trem ordinário, sem que désse de si, o que denotava a solidez da sua construção.
Quando o comboio entrou na ponte d' Esgueira muitas centenas de foguetes estouraram nos ares. A multidão tornou-se mais compacta, por que todos queriam presenciar a experiencia, que se antolhava medonha, e por tanto sublime de horror. A locomotiva entrou a ponte com inteiro desassombro dos que iam dentro dos carros, tocou a avenida do sul, e a multidão respirou, vendo inteiramente dissipados os seus receios, e realisadas as suas esperanças.»
Esta ponte veio a ser substituída por outra, a actual, de betão armado pré-esforçado, utilizando os pilares da antiga ponte, embora reforçados, obra que foi concluída em 1991.
O caminho de ferro atravessa no concelho de Aveiro uma parte das freguesias de Requeixo, Oliveirinha, Aradas, Gloria, Vera-Cruz, Esgueira e Cacia e isto n'uma extensão de 19m,580. [Trata-se, claro, de gralha tipográfica, devendo ler-se 19Km,580]
A sua construcção foi aqui bastante demorada e dispendiosíssima, em resultado do valor dos terrenos que foi mister expropriar e das duas grandes obras d'arte que se tiveram de fazer, o viaducto de Esgueira e o aterro das Agras. [Ou aterro do vale do Cojo, designação também usada por Marques Gomes noutro ponto da obra que estamos a citar. Trata-se do aterro por trás da antiga fábrica Jerónimo Pereira Campos, actual Centro Cultural e de Congressos]
O viaducto de Esgueira construído sobre a direccção do engenheiro inglez Wilson é formado por seis vigas metálicas de 30 metros cada uma assentes sobre duas ordens de pilares tubulares, que foi necessário cravar até à profundidade de 25 e mesmo 27 metros para chegar a terreno solido, e dois estribos de cantaria. (...) Os tubos foram depois reforçados com uma muralha de beton e pedra de 5 metros de altura.
A obra do viaducto de Esgueira foi durante a sua construção muito discutida, pondo-se em dúvida a sua segurança. Eram infundados, porém, estes receios. A experiencia oficial do viaducto fez-se nos dias 24 e 25 de janeiro de 1864 por uma comissão composta dos engenheiros Aguiar, Margiochi, Couceiro, Sousa Brandão e Peres. As experiencias fizeram-se com um comboyo composto de duas machinas, um fourgon, uma carruagem de primeira classe e de nove carros carregados de carvão de pedra. O viaducto resistiu a todas as experiencias que consistiram na prova estatística, ou no peso de 40 toneladas em cada tramo por espaço de 45 minutos; passou-se depois à segunda prova, de pequena velocidade, a que oppôz a mesma resistência; a terceira e ultima prova foi a dynamica, em que trabalharam as duas machinas reunidas, e com toda a força, calculando-se andar o comboyo 70 kilometros por hora, resistindo a tudo com o mesmo vigor.
Havia já muitos meses, porém, que pelo viaducto passavam comboyos. A primeira locomotiva que veio de Estarreja até á avenida norte do mesmo, sendo portanto a primeira que entrou no concelho de Aveiro, chegou alli ás 3 e meia horas da tarde de 23 de Março de 1863.
O viaducto esse foi atravessado pela primeira vez em 18 de julho desse anno. O Campeão das Provincias noticiou então assim o facto:
«No sabbado pelas 10 horas da manhã Aveiro estava quasi despovoado. Immensa concorrencia de pessoas de todas as classes sociaes estanciava nas eminencias adjacentes á ribeira d' Esgueira, aquem e alem da ponte do caminho de ferro, porque devia o comboio percorrel-a, desvanecendo assim os engenheiros da empresa as apreensões publicas com as provas exhibidas á face de todos.
Já tinham dado 11 horas quando se avistou a locomotiva que magestosamente caminhava do norte, parando na avenida da ponte. A ansiedade publica cresceu, com quanto se soubesse que a ponte havia sido experimentada, carregando-a na véspera com 235 toneladas, isto é 8 vezes mais que o pezo do trem ordinário, sem que désse de si, o que denotava a solidez da sua construção.
Quando o comboio entrou na ponte d' Esgueira muitas centenas de foguetes estouraram nos ares. A multidão tornou-se mais compacta, por que todos queriam presenciar a experiencia, que se antolhava medonha, e por tanto sublime de horror. A locomotiva entrou a ponte com inteiro desassombro dos que iam dentro dos carros, tocou a avenida do sul, e a multidão respirou, vendo inteiramente dissipados os seus receios, e realisadas as suas esperanças.»
Esta ponte veio a ser substituída por outra, a actual, de betão armado pré-esforçado, utilizando os pilares da antiga ponte, embora reforçados, obra que foi concluída em 1991.
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