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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Freguesias urbanas de Aveiro



Igrejas correspondentes ao que era a freguesia da Vera Cruz de Aveiro no século XVIII 
Fonte: IGC – Fragmento do mapa “Planta da Cidade de Aveiro” 1780-81 (IGP, nº390)


     Elevado à categoria de vila desde o século XIII, o burgo aveirense foi-se desenvolvendo e crescendo em importância. Em 1572, tendo o bispo de Aveiro, Dom Frei João Soares, mandado que fosse feito um recenseamento da população da vila, constatou-se a existência de 11.365 residentes, o que o levou à decisão, obtida a anuência do rei D. Sebastião, de criar outras paróquias para além da única existente até então, a de São Miguel. A partir dessa data, Aveiro passa, por isso, a contar com quatro paróquias.
     A paróquia de São Miguel abarcava a maior parte do  burgo muralhado e ainda o bairro do Alboi, a Oeste, já fora do perímetro da muralha.
     A paróquia do Espírito Santo englobava o restante território  muralhado, mais para Sul, integrando o convento de São Domingos (no local onde se situa hoje a Sé de Aveiro), o convento de Jesus (actualmente Museu de Santa Joana) e o convento de Santo António (contíguo, nos nossos dias, ao parque Infante D. Pedro) e ainda, já fora da zona muralhada, uma área que abarcava o Cimo de Vila, Vilar, São Bernardo, Santiago e uma parte da Presa e da Quinta do Gato.
     A paróquia da Vera Cruz, em cujo território se encontrava a parte mais a Nascente da vila, incluindo o convento do Carmo (na actual Rua do Carmo) e o convento da Madre de Deus de Sá (onde hoje se situa o quartel da Guarda Nacional Republicana) e ainda a Forca e algumas áreas da Presa e da Quinta do Gato.
     A paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, que compreendia o território a Norte do Canal Central da ria e toda a zona de marinhas a que hoje se dá o nome de Bairro da Beira-Mar.

     Em 1835, e em consequência da nova divisão administrativa do país em províncias, distritos e concelhos, a cidade de Aveiro passou a ter apenas duas freguesias: a da Vera Cruz e a de Nossa Senhora da Glória. Basicamente, é o Canal Central da ria que faz a separação entre os territórios das duas: para Norte, a freguesia da Vera Cruz; para Sul, a de Nossa Senhora da Glória.
     A freguesia da Vera Cruz manteve o território que já tinha, ao qual se juntou o da extinta freguesia de Nossa Senhora da Apresentação. Alguns anos mais tarde, em 1858, a freguesia da Vera Cruz passou a incluir também o território de São Jacinto, que pertencia até aí à freguesia de São Cristóvão de Ovar. Menos de um século decorrido, em 1953, São Jacinto adquiriu o estatuto de freguesia.
     A freguesia de Nossa Senhora da Glória ficou com os territórios das extintas freguesias de São Miguel e do Espírito Santo.

      Cada uma das quatro freguesias existentes até 1835 tinha a sua igreja matriz.
     A de São Miguel tinha como igreja paroquial a mais antiga das igrejas de Aveiro, a igreja de São Miguel, que ficava no que é hoje a Praça da República (onde se situa a Câmara Municipal de Aveiro). Foi demolida em 1835, por decisão do primeiro Governador Civil de Aveiro, José Joaquim Lopes de Lima, que tinha sido nomeado pouco antes (25 de Julho) para o cargo, no âmbito da reforma administrativa do país, que teve lugar nesse ano.
     A freguesia do Espírito Santo tinha como matriz a igreja do Espírito Santo que, segundo Rangel de Quadros, se situava um pouco a Sul do actual Largo Luís de Camões (Largo das Cinco Bicas). A ordem de demolição desta igreja constava do mesmo alvará que determinava a demolição da igreja de São Miguel. A demolição da igreja do Espírito Santo arrastou-se, contudo, por largos anos, tendo sido concluída apenas em 1858, com a remoção dos entulhos e a trasladação das ossadas dos que nela haviam sido sepultados.
     A freguesia da Vera Cruz tinha como matriz a igreja da Vera Cruz, que se situava no que é hoje o Largo do Capitão Maia Magalhães (onde fica o quartel dos Bombeiros Novos). Foi construída na segunda metade do século XVI, tendo sido demolida no último quartel do século XIX, por se achar em adiantado estado de ruína. Ainda começou a ser construída uma nova igreja, mas, por falta de recursos financeiros, a obra acabou por ser interrompida e as paredes já edificadas demolidas pela Câmara Municipal, em 1945. Desde a demolição da primitiva igreja da Vera Cruz, a sede da paróquia foi transferida provisoriamente para a igreja de Nossa Senhora da Apresentação, mas a transferência acabou por se tornar definitiva, em virtude do malogro da construção de uma nova igreja.
     A freguesia de Nossa Senhora da Apresentação tinha como matriz a igreja de Nossa Senhora da Apresentação, no local onde ainda hoje existe, como igreja paroquial da Vera Cruz, no Largo da Apresentação. Das matrizes das quatro freguesias existentes em Aveiro entre 1572 e 1835, foi a única que escapou à demolição.
     

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Jorge cunha, sendo este texto de minha autoria (e imagem), retirado do meu blog patrimonioreligiosodeaveiro, acho que deveria citar e referir como tal! Atenciosamente, Hugo Calão